Já repararam como de vez em quando você começa a olhar para todos os lados e percebe a mesma coisa acontecendo, as pessoas falando dos mesmos assuntos,repetindo algumas idéias que até então não eram comuns???Moda.

Todas as épocas sofreram com os modismos em diversas áreas, da arte à música, e quando falamos de estilo, isso é natural e até saudável para a reinvenção da maneira de fazer certa coisa. A minha função aqui não é criticar o que se faz, por qual motivo ou o que for, o que eu espero é apenas que nós consigamos, a partir dessa breve listagem, identificar algumas tendências, ou mais ainda, algumas modas, (porque tendência ela deixou de ser quando passou a ser comumente falada e utilizada) que vem sendo ponto comum dos últimos dois anos dentro da coquetelaria e mixologia.

Também não tenho nenhum interesse em citar os cinco tópicos dizendo se concordo ou não, se gosto ou não, se faço ou não, então, provavelmente quando você ler algum dois tópicos e lembrar de alguém que o pratica, sinta-se parte desse movimento. E por favor, me escrevam quais outros modismos vocês acham que deveriam entrar nessa lista.

1º – COLETE ESTILO ANTIGO

Foi-se o tempo que o bartender podia usar uma camiseta preta e calça social. Nem o próprio terno “levanta defunto” que alguns barman usam conseguiram ter tanto destaque do que esse novo acessório dentro do bar. É preciso dizer que usar coletes não é apenas um adereço diferente de um profissional de bar, colete é sim muito elegante e eu aprovo. Faz parte também de um novo movimento que falaremos mais pra frente, que são os rituais de serviço. Agora, ver metade das pessoas que eu conhecia usando coletes em menos de 6 meses é o divertido. Só eu, que cheguei atrasado na compra e não encontrei nenhum para mim.

2º – MÉTODO HARD SHAKE

O método hard shake deve ser valorizadíssimo, pois é uma técnica importante que a cultura japonesa de coquetelaria nos apresentou nos últimos dez anos. Acho ótimo, acho lindo, mas para mim, toda técnica precisa ter objetividade. Nem todo drink precisa de hard shake, mas muitas e muitas pessoas cismam que a partir de hoje, qualquer caipirinha da-lhe hardshake…(até na caipirinha, melhor dizendo). Muita calma meu povo, é melhor entender para que serve a técnica, quais seus efeitos, e aplicá-las nos drinks corretos…

3º – GELO SECO DE VOLTA COM TODA FORÇA

Relembrar é viver. Quando comecei a trabalhar com bares, há 10 anos atrás, os drinks com gelo seco já estavam entrando em decadência, amém! Mas graças à nova relação que criamos com os alimentos e bebidas, onde uma imagem vale mais do que mil sabores, estamos olhando para o gelo seco com novos questionamentos. Também podemos dar crédito ao conceito de food design, que encontrou novas aplicações para o gelo seco ao invés de simplesmente colocá-lo dentro do líquido para fazer fumacinha. Parabéns aos que encontraram uma real motivo para o gelo seco existir.

4º – MIXOLOGIA MOLECULAR

A Mixologia Molecular sempre foi um  assunto que deu pano para manga, não é? Sempre foi uma grande curiosidade, porque os drinks não eram mais drinks, agora era “comíveis” e toda a idéia de revolução na mixologia e na gastronomia que viria pela frente. Bullshit. Podem continuar estudando, fazendo cursos, se especializando, porém, as bases da coquetelaria clássica e o imenso universo da mixologia clássica (e não a molecular) são absurdamente mais interessantes do que as técnicas moleculares já conhecidas. A culpa não é das técnicas, é dos técnicos.

5º – POURING QUILOMÉTRICO

 Preste beem atenção a partir de agora nos barman modernos que acompanhamos pelo mundo afora. Existe uma técnica nova sendo trabalhada aos poucos, de pouring longo, que consiste basicamente em jogar o líquido, seja de uma garrafa para o copo ou boston shaker ou seja de um boston para outro para que o peso do líquido crie uma leve sensação aerada nessa bebida. Acho válido, justo e faz muito sentido como vemos na foto ao lado. Porém, quando vemos um barman fazendo um pouring quilométrico para preparar um dry martini, me espanto! Não precisa meu povo, fica sendo um charme desnecessário. Garrafa lá no alto, mixing glass lá em baixo, só para que a gente veja o fio da bebida correndo..Olha, vou confessar, eu sei que o peso do liquido, empurradoo um atrás do outro por uma passagem pequena de espaço gera um caminho fino que corta o peso do ar e segue até o seu destino final, aliás, sou homem e é isso que eu faço em pé todo dia no banheiro.

Então, usemos as técnicas para o que elas são necessárias e não vamos banalizar uma bela história que podemos construir pela frente na coquetelaria, na mixologia ou seja lá no que inventarmos em breve.

Um abraço!

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