Feni é o  único destilado a base de caju conhecido em todo o mundo e vem ganhando presença no mercado indiano

Se alguém lhe apresentasse um destilado a base de cajú, você logo iria imaginar que ele seria do Nordeste brasileiro não é?!

Embora tivemos uma experiência (já descontinuada) do Acayu, aguardente de caju envelhecida e produzida pela Ypioca, desconheço um destilado de caju de alta qualidade feito aqui no Brasil.

Porém, Índia, mais exatamente na pitoresca região de Goa, um destilado vem se tornando cada vez mais falado no país e em toda a Europa.

Em meio à diversas versões tradicionais, artesanais ou industriais, a cultura do Feni tem despertado interesse de bartenders da Ásia e se consolidando como a bebida mais exótica do ano.

O nome tradicional dessa bebida é Feni , que em sânscrito significa espuma (por causa das bolhas que se fazem quando ela é agitada), e uma das marcas com maior reputação no país é a Cazulo, que significa vagalume. Para os fabricantes da bebida, ao consumir a Cazulo, a pessoa desperta uma sensação de aquecimento que irradia brilho, remetendo ao inseto brilhante.O belo trabalho de design  foi realizado pelo neozeolandês Ryan Marx e diferencia esse produto dos demais concorrentes na região, já que o coloca de forma mais convidativa aos países que ainda não conhecem esse destilado com mais de quatrocentos anos da Índia.

Além da Cazulo, as marcas Big Boss,Lobos, Launi,Shells, Cashyo, Malakaya, Pegal e Reais também produzem localmente um destilado de cajú.

Quer saber qual é a diferença entre uma bebida industrialmente produzida e outra artesanalmente produzida?!

As duas podem ser tão boas quanto, porém, numa fábrica autorizada pelo governo, provavelmente o processo de retirada do suco do cajú não seja feito dessa forma aqui abaixo. Basicamente, um tanque (sim isso é um tanque) de pedra recebe um volume considerável de caju fresco, que vai ser pisado literalmente por um funcionário, criando um caldo do de caju que vai escorrer até o ponto mais baixo do tanque, escorregar por um cano e ser direcionado por um tubo (estilo mangueira), que vai ser filtrado e seguir para o processo de fermentação e destilação.

Após a fermentação, o caldo do caju recebe uma dupla destilação antes de descansar por um ano em um garrafão de vidro, como manda a tradição indiana.

O processo para preparar o  Feni de Coco Verde deve ser absolutamente idêntico ao processo do Feni de Caju.O estado de Goa  ficou conhecido por suas belas praias e principalmente por suas festas eletrônicas que embalaram o mundo trance na década de 80 e 90.

O estado de Goa era uma colônia portuguesa até o fim da década de 50, então, apesar da língua oficial ser o concani, ainda é muito comum encontrar pessoas falando português.Se você estiver em Goa e pedir um Feni, provavelmente o atendente vá te perguntar:

“- De cajú ou de coco verde?!”

Isso porque Feni também pode ser feito de coco verde da região de Goa.

Apenas caju e coco verde da região de Goa podem ser usados para fazer o destilado Feni.

Dizem até – não posso provar – que também é proibida a venda da bebida fora do estado de Goa o que lhe dá status de indicação geográfica como o cognac, champagne, tequila e a cachaça.

Por muitos anos visto como um subproduto local, o mercado de Feni tem se organizado para atender essa nova demanda com diversas marcas de alta qualidade sensorial. Normalmente, são vendidos em garrafas de 750 ml e 42,5% de graduação alcoólica.

O Futuro de Destilado Indiano

O futuro de Feni depende das muito das políticas de consumo dos estados na Índia. Atualmente, as exportações no exterior são mais lucrativas do que no mercado interno e burocraticamente é mais simples que o mercado doméstico. Outro ponto relevante é que Goa segue sendo o destino de férias preferido para viajantes indianos.

Ao mesmo tempo, produtores locais desejam que o governo indiano apoie mais o Feni, assim como os franceses fazem com o champagne e os japoneses com o sake.

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