As 5 maiores mudanças no barismo brasileiro do últmo ano.

Olá,

O último Campeonato Brasileiro de Baristas me fez refletir algumas coisas, algumas mudanças que eu acredito que estão acontecendo no barismo brasileiro.
É meu povo…..o Brasil está mais próximo os países nórdicos que endeusávamos do que se imagina…
Escolhi os 5 melhores acontecimentos para dividir com vocês:
#1 – Lorena Sena e Luiz Fernando Santos mostram a força de outros estados na final
Nosso país está se tornando completo, denso e profundamente técnico, do Sul ao Nordeste. A prova disso é a presença de competidores do Paraná, São Paulo e Bahia na grande final do Barista. Graças ao ótimo trabalho apresentado pelos baristas baianos, que vieram enriquecer o campeonato brasileiro. Espero encontrar baristas de Minas Gerais, Brasília, Espírito Santo e outros estados nas próximas finais.
#2 – Yara Castanho diretamente do outro lado do mundo
Campeonato sem polêmica nunca é bom..Isso porque quando há polêmica, há a oportunidade de nos questionarmos sobre o que deveriamos fazer, o que é certo, errado, como devemos lidar com novas situações. E a presença de uma competidora de outro país só veio a enriquecer a discussão sobre quão grande se tornou a disputa pelo título brasileiro. Só não podemos é fingir que nada aconteceu e não criarmos regras mais transparentes antes desse caso voltar a acontecer. Eu sou super a favor de que competidores brasileiros residentes em outros países tenham todo o direito de participar do campeonato, sendo ele apoiado/patrocinado por qualquer empresa ou não(Ora, o campeonato é debaristas ou de cafeterias???Wake up!), mas que ele tenha regras e cotas pré-estabelecidas com antecedência, e que ele dispute junto com os brasileiros que não tiveram regionais, independente da qualidade técnica dos dois.
#3 – Bruno Ferreira apresenta um café exclusivamente escolhido para sua apresentação
Podemos dizer que Bruninho já é um jovem veterano de campeonatos e vem colecionando sucessos em sua carreira para ele e para as empresas que representou. Não é nenhuma novidade que Bruno já representou a cafeteria Suplicy onde trabalhou por anos e atualmente é parte do time de baristas do Octávio Café. O que ele inovou foi em escolher um café que para a apresentação dele era o ideal, dentro dos conceitos que Bruno criou. Há alguns anos atrás, isso seria uma afronta para qualquer cafeteria, mas, como a cultura do barismo do Brasil está mais que amadurecida, chamo isso de uma atitude digna, séria e competente de um campeão. E isso não quer dizer que a cafeteria possui um bom café ou não (sabemos que os critérios de espresso para cliente diário é ooutro). É obrigação do barista demonstrar conhecimento e profundidade nas escolhas do café e quando se conhece um Aricha da Etiópia ou um Maracatuai não podemos nos restringir ao (ótimo) espresso de todo dia.
É preciso ousar, é preciso dominar todas as etapas da apresentação para estar na única primeira colocação. Como já dissemos, esse é o campeonato que escolhe qual é o melhor barista desse país, a melhor mente pensante, a melhor técnica desenvolvida, o melhor conjunto de decisões tomadas, a melhor pessoa. Ponto para o Octávio Café, ponto para o Bruno Ferreira.
#4 – Marco De la Roche (eu mesmo) desenvolve um plano de apoio/patrocínio para campeonato
Eu me considero parte da mudança desse ultimo ano sim senhores.Não só eu, mas Octávio Café, Fazenda Agrindus/Letti, Absolut Vodka, Chivas Regal e Aretha Design que foram meus apoiadores/patrocinadores. Todos sabem que sou autônomo e que sou bem chato com a minha apresentação (diga-se perfeccionista, por favor). E para que eu consiga desenvolver todo meu treinamento, que quem conhece sabe o quanto é cansativo e prolongado, eu preciso de dinheiro. Entenderam? Money, bufunfa, aqué. Isso mesmo. Quem acompanhou minha preparação para o campeonato mundial do ano passado sabe que eu gastei R$ 800,00 apenas em creme de leite para treinar inúmeros Irish Coffees. E quem acompanhou o campeonato desse ano sabe o quanto custou para fazer 120 mini unidades de Escarlate27 na semifinal e 140 mini unidades na final (R$ 190,00, R$ 230,00 respectivamente) e nos cardápios apresentados (R$ 730,00).
Além disso, é preciso de tempo para treinar. Nenhum campeão que se preste vence um campeonato treinando um fim de semana antes. É preciso de organização, tempo para desenvolver a técnica, para não chegar numa apresentação com xícaras e copos quaisquer, sem apresentação definida ou simplesmente sem condição de apresentar algo decente.
Parabéns à todas essas empresas que viram a oportunidade de elevar o nível do campeonato, investindo em um profissional para que ele tenha condições de fazer melhor do que faria sozinho. Não existiria possibilidade de eu ter me apresentado se não fosse com vocês.
Espero que outras marcas, empresas e cafeterias se acostumem com essa idéia.
#5 – Felipe de Oliveira nos prova que técnica e treino vence a criatividade e espontaneidade.
Já estou me acostumando a chamar o Felipe carinhosamente de… Monstro. E digo porquê.
Sinceramente, não acho que o Felipe tem o melhor tino criativo de todos os baristas, não acho que ele tem o maior feeling de ingredientes e de conhecimento de café de todos os baristas, mas ele tem algo que todos esses outros baristas precisam olhar para ele e aprender. Ele tem foco.
E tendo foco, ele consegue se motivar a treinar, treinar e treinar. Exato.
Essa é a real mudança desse ano. Chegamos à um nível de conhecimento e técnica tão apurado que dificilmente teremos um novo campeão intuitivo. Nossos campeões serão profissionais dedicados, extremamente preparados para executar todos os movimentos com total controle, conhecimento e responsabilidades. As apresentações deverão ser mais técnicas e menos movidas de “pura paixão pela profissão”.
Felipe é Monstro porque é determinado, porque tem capacidade técnica, tem uma ótima estrutura cedida pelo Lucca Café e deseja ser melhor. Quem sabe não vemos nossa primeira medalha internacional chegando por ai?Em breve escreverei minha sugestão das 5 mudanças que devem acontecer para que a gente passe a servir os campeonatos mundiais com competidores e não participantes. Chegamos lá!
Um abraço

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